segunda-feira, 25 de junho de 2012

MISTÉRIO (Clóvis Campelo-Recife-PE.)


MISTÉRIO

Clóvis Campêlo

Meus males os atribui à chuva
quando interessava-me ter respostas,
e minha nudez sobre a mesa posta
era mão aflita a procurar a luva.


Meus medos os atribui ao vento
quando em busca de um porto mais seguro
mantinha a vida como o meu futuro,
singrando mares de puro tormento.


Porém, se foi a chuva com o medo,
o vento dissipou o mal bem cedo,
hoje navego em outro hemisfério,


levado pela força da paixão,
movido pelo instinto da razão
e perseguindo também o mistério.


Recife, 1991

sexta-feira, 15 de junho de 2012

CADA MOMENTO (Marcos Loures)

CADA MOMENTO

Quero desfrutar cada momento
Sem tréguas me entregar ao teu prazer.
Na profusão do intenso sentimento
Nos devorando inteiros, chama a arder.

E deslizar sem arrependimento
Tocando cada parte do teu ser,
Desejos devorando, sem tormento,
Sentindo-te voraz a enlanguescer.

Nas mãos eu sei que tenho a mansa fera
Que morde com doçura e com paixão.
Em todo nosso amor, calor tempera

Com ânsias e vontades, maciez,
Num misto de brandura e de tesão,
No amor doce-feroz que a gente fez...

MARCOS LOURES

COLUNA DO MEIO (Izabel Dias)